quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Programaçao Cultura BH


















Para quem ainda não viajou e esta em Belo Horizonte, curtindo a chuva, recomendo :

RESTA UM – espetáculo cênico-musical

11, 12 e 13 de dezembro
sexta e sábado 21h

domigo 19h

Teatro do Oi Futuro Klauss Vianna (afonso pena 4001)

$15 (meia 7,50)





Outra dica para o fim de semana é a estreia do espetáculo Viroses, no espaço Meio Ambiente.




Para fechar a programação ENTRE



“A casa remodela o homem. O homem remodela a casa.”

Entre… acontece nas dependências de uma casa antiga do bairro Floresta.
É um espetáculo de improvisação em que atores e músicos são convidados a habitar o espaço
de for
mas diferentes a cada dia.
A peça, que tem como ponto de partida a temática da casa,
é atravessada també
m por temas como a intimidade, a espera, a memória e a partida.
Assim, na vivência desse espaço,
busca-se partilhar com o público a pe
rcepção sobre o lar e
nquanto residência e local de afeto,
onde é possível pensar na relação entre os seres humanos
dentro desse espaço construído, ao longo dos tempos,
como um lugar social."



domingo, 6 de dezembro de 2009

sábado, 5 de dezembro de 2009

Imagem 2

Haverá ainda, no mundo coisas tão simples e tão puras como água bebida na concha das mãos?
M.Quintana

Imagem 1

Prostitutas, poetas, gigolôs, colecionadores de objetos perdidos, amante em meio a um abraço, loucos religiosos, bêbados, fumantes, desempregados, gentalha, o resto....
(ludwing rubiner, 1972)

Experimente, tente

(para ser lido ao som das 4 estações de Vivaldi)


Para ser sincera devia fazer mais ou menos uns 10 anos que eu não passava trote para ninguém, é sim, esses trotes de telefone mesmo..
Discar um número desconhecido e ser supressa por um alô assim sem mais nem menos de alguém “Tão longe, Tão perto”.....
E assim peguei no telefone e disquei o numero assim tão inesperado. Um alô simpático de uma senhora solitária em algum apartamento da zona sul de Belo Horizonte.
Não resisti à tentação, liguei meu som no talo, as 4 estações, e escutei as lutas entre violinos, cordas e sopros que aos poucos se acalmaram , puxaram pares, dançaram.....
E o alô silencioso, distante.....
Junto comigo acompanhadas por uma sinfonia poética.

Porém tudo que é bom dura pouco, fui surpreendida por um grito “Ei Sarah que cê ta fazendo?” nada como um choque de realidade para te tirar de um atentado simbólico. Desliguei o telefone correndo e senti aquele frio na barriga, gostoso. Aquele infantil, quando você acaba de pregar uma boa peça e é descoberto. Imagina que delicia atender ao telefone para uma sinfonia inteira correndo solta?
Ah experimente, tente! Sabe que vale a pena!
12 de fevereiro de 2004

Leitura comunitária

















Existe isto no livro a solidão nele é a solidão do mundo inteiro. Esta em toda parte. Invadiu tudo. Sempre creio nesta invasão. Como todos. A solidão é aquilo sem o que nada fazemos. Aquilo sem o que nada pode ser visto. É uma forma de pensar, de raciocinar, mas apenas com o pensamento cotidiano. Isso também existe na função de escrever e sobretudo, talvez, dizer a si mesmo que não é preciso se matar todos os dias, visto que é possível se matar a qualquer dia.
M. Duras

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Conceição: Guarde nos Olhos



Comunidade Quilombola de Mumbuca.
Reunião de várias comunidades no Espinhaço, em protesto contra a devastação sócio ambiental relizada pela MMX/Anglo Ferrous sem licenciamento e de forma totalmente agressiva na região.
O empreendimento ilegal, projeto Minas-Rio, de autoria de Eike Batista, conta com a "proteção" do Governo de Minas que tenta no dia 26/11, aprovar em reunião do Copam em Diamantina, longe das comunidades afetadas, uma "licença de instalação"com o intuito de dar "credibilidade" ao crime.
O empreendimento já conta com duas ações na justiça, dos Ministérios Público Federal e Estadual...

Oficina na Soba







Construção de identidadeS lésbicas

- Literatura, Moda, Artes e Cotidiano -

De Safos ao Leskut. Da literatura clássica a internet. Como nos construímos? Como nos colocamos no espaço? Seja esse espaço político, intimo ou social.

A partir de referências artísticas-culturais, construir um percurso que não se trata em firmar uma identidade, mas de perceber as singularidades que demandam continua construção, desconstrução, reconstrução. Dessa forma pensando sobre um ponto de vista de Foucault interrogar e desconstruir a naturalização dos corpos em papéis e práticas.

Pensar uma identidade de não ser idêntico, mas de criar possibilidades de um continuo reconstruir. Reconhecer nossas semelhanças e nossas diferenças entre a mesma letra de nossa “sopa de letrinhas”.

Articulação Feminina do GUDDS!

Sarah Vaz


Dia 12/12 de 9h a 12h 30

Sobá Livraria – Rua Rio de Janeiro , 1278

Inscrições gratuitas www.alem.org.br – 32677871






quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Rapaz acusa família de interná-lo por ser gay



Jovem de 21 anos está internado em clínica de recuperação para dependentes químicos no interior de São Paulo. Mãe nega acusação. Visite o UOL Notícias. Veja outras reportagens especiais do SBT Brasil.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sobre o Hoy

O Hoy Pocilga é uma iniciativa em dança de Belo Horizonte que visa fomentar a dança em espaços da cidade.

Esse nome “Hoypocilga” surge de uma vontade de dizer através de palavras
que falam pela sua forma, sua composição e pelo seu diálogo flexível e inusitado com o sentido. Que falam também pela sua piada, pela sua resistência a sentidos e lugares comuns, pelas suas pistas ambíguas. Também pela sua beleza semântica e sonora. Algo próximo do que a gente brinca na dança

“Descoletivo de fomentação em dança” tenta exprimir, classificar sem reduzir, uma idéia de coletividade fluida, aberta, absorvente e que busca fertilizar a dança.


No cenário atual tudo parecia deslizar sobre uma inércia constante.
Coletivos, companhias, bailarinos, bailarinos-interprétes-criadores.
Um aglomerado de conceitos e nomes iam surgindo e sumindo em Belo Horizonte.

Fariam mesmo diferença esses nomes?
Existia uma tensão e um tesão.
Visar novas formas, menos compactadas. Mesmo que elas não fizessem muito sentido. Dar fomento e visibilidade a outras formas menos midiáticas.

Pensar em dar visibilidade fora da mídia significa pensar não em espetáculos com grandes celebridades e grandes conceitos e grandes artistas, mas em vínculos cotidianos e simples com a memória e a criação em dança. (Des)coletivizar talvez seja o desafio de juntar um todo fragmentado, em arte e em contemporaneidade.

Começo dizendo que este texto não responde a seu título, ele é uma tentativa de elucidar e transparecer.

Me explicando um pouco: o Hoy Pocilga é um (des)coletivo de fomentação em dança.

Fomentar significa promover o desenvolvimento, estimular. Uma palavra muito utilizada em cultura. Desconheço sua origem, não a coloquei por modismos culturais, mas por perceber que o (des)coletivo tem fome…

…de um dinamismo cultural, de uma coletividade, de bagunça conjunta, de arte e de dança.

Pensando nisso o Hoy Pocilga promove o desenvolvimento de projetos cotidianos que mudam os nossos corpos.

Não é um projeto fechado, nisso se assemelha a um coletivo. Agregamos ao Hoy Pocilga as pessoas e as ideias.

O Hoy Pocilga busca formas não novas, mas singulares (às vezes estranhas) de experimentar em Dança.



Acompanhe o Hoy pelo http://hoypocilga.wordpress.com/



domingo, 22 de novembro de 2009

Boa Dica de Oficina - Dudude


Dudude Herrmann é bailarina, improvisadora, coreógrafa, diretora de espetáculos e professora de dança. Estuda e trabalha desde a década de 70 a pedagogia de ensino da dança contemporânea.

Dudude Herrmann é reconhecida por sua resistência, persistência e insistência neste terreno artístico, em que vem trabalhando a linguagem da improvisação em dança com assiduidade e interesse. Trabalha com artistas de áreas afins como música, teatro e artes plásticas. Ao longo de sua formação teve sempre como fomento o encontro com grupos diversos de arte. Trabalhou como professora e/ou coreógrafa para o Grupo Galpão, Cia Burlantins, Grupo de Dança 1º Ato, Companhia de Dança do Palácio das Artes, Grupo do Beco do Conglomerado Santa Lúcia, Oficinão Galpão Cine-Horto.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Um pouco de arte de rua pra variar

Coisas lindas voce acha na Internet, e confesso que eu smpre quis um quarto assim, mas realmente o banheiro ficou ótimo, poderia dormir nele.




A artista live painter e ilustradora de Londres Joanna Henly está escondida no nome Miss Led há dois anos e já trabalhou com marcas como Diesel, Reebok, Red Bull e várias outras marcas e revistas pelo mundo afora, como a toda poderosa GQ.

tem muito mais e dá vontade de postar tudo!

mas vou deixar voces com gostinho de quero mais....


http://www.flickr.com/photos/miss_joanna_h/
http://www.missled.co.uk/



Ainda esperando o trabalho do Tim Burton..............

Mademoiselle Maupin

O ano é 1690 e estamos em Marselha, França. A praça está cheia para assistir a um duelo. Dois homens lutam com as suas espadas e as pessoas ao redor fazem apostas, esperando para ver quem vai vencer. Num golpe surpreendente, um deles acaba levando o outro ao chão. O povo ao redor se admira e em coro pede que ele mate o seu oponente, ao invés disso o cavalheiro num golpe astuto levanta a blusa e exibe seus seios fartos.

O combatente seria ninguém menos que Mademoiselle Maupin, a primeira Drag King relatada na historia. Conhecida por arrancar beijos de esposas nos corredores de Versailles, Maupin era queridinha de Luiz XIV, o rei sol.

Contemporaneo a Maupin temos como diz nossa amiga Cassia Navas o nascimento da maior multinacional cultural: o Ballet clássico. A estrutura do Ballet clássico esta intimamente ligada a formação das normas , costumes e etiquetas .

O questionamento trago dentro da figura de Maupin nasce em conjunto com uma movimentação ligada a manipulação e o jogo de poder da corte e a formação de lugares que identificamos como "femininos".

Essa quebra de costumes trago por figuras irreverente como Maupin é necessário principalmente na metafísica dos modos e costumes de etiquetas no contexto do qual o nascimento do baile é profundamente envovido.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Construção de identidadeS lésbicas - Literatura, Moda, Artes e Cotidiano -





Isso é o inicio de uma serie de textos que construi durante o 7º Encontro Nacional Universitário de Diversidade Sexual(ENUDS 7). Esse evento foi realizado na UFMG de 3 a 7 de Setembro de 2009.




Me denominei durante um grande período uma "lésbica bicha"; mais uma classificação para nossa infindável sopa de letrinhas que a cada dia parece um abcdário.....

Para quem não me conhece talvez não entenda essa denominação, me denominava assim primeiramente por uma aproximação muito grande com o universo homossexual masculino. Entendam, sempre andei muito com "bichas" e sempre fiz programações mais masculins do que femininas(no contexto gay, é claro).

Durante o Enuds 7 me propus a dar uma oficina acerca da Construção da Identidade Lésbica, o que pra mim foi um enorme desafio, afinal de contas nem o The L Word eu já tinha assistido. Mergulhei nesse assunto profundamente nas minhas horas vagas e me surpreendi completamente com a minha ignorância em um assunto tal culturalmente rico.

Sim, claro, já sabia na prática como era a construção da minha identidade e partir desse conflito de atitudes e gêneros comecei minha pesquisa.

No inicio da pesquisa, tudo parecia impossível. Como levantar esses dados? como construir um histórico atravez da arte, moda, literatura e cotidiano dessas mulheres?

Então me despontei em ler, ler e ler.......

e foi justamente na autora que comecei que encontrei o resumo do que estava percebendo:


Existiam espaços perdidos nessa história, que por mais que eu tentasse recortar e juntar esses pedaços a imagem fragmentada dessas mulheres não se completaria.

Em Safos percebi a historia dessa identidade recortada em fricções esburacadas. Foi-me possível tecer hipóteses acerca desse universo, todavia, incompletas, entrecortdas.

Safo, segundo Gagnebin(1) retoma as batalhas homéricas em uma voz lírica em primeira pessoa.

Poderia um eu aparecer?

Uma paisagem de um desejo de carne e de onírico.

Traduzida no Brasil por Joaquim Brasil Pontes/Iluminuras e Pedro Alvim/Ars Poetica visualizei uma história feminina tratada como um segundo sexo e censurada por monges copistas e historiadores Safos nunca foi tão comtemporanea.


Percebi no curso que era impossível traçar essa historia, que teria que dar pulos longos na historia, não apenas por destruição desse material , mais por falta de interesse de historiadores e estudiosos.

Quando fui em sites procurar moda lésbica encontrava textos enormes sobre moda homossexual masculina e linhas sobre moda lésbica. Seria falta de zelo com a memória? Ausência de artistas e mulheres bem assumidas?

Não soube terminar uma teoria pronta, apenas percebi nos textos de Safo a estética de um historia fragmentada.
No texto abaixo cada traço representa imagens deslocadas no tempo, desconhecidas, perdidas.
Assim se constroi uma identidade lésbica. Coloquei o capuz de toda minha ignorância sobre o assunto e percebi que os "entendidos" e iniciados, ainda tinham um iceberg pela frente......


Aphorodite em trono de cores e brilhos,
imortal finha de Zeus, urdidora de tramas!
eu te imploro: a dores e mágosas não dobres,
Soberana, meu coração;

_______________
mas vem até mim, se jamais no passado,
ouviste ao longe meu grito, e atendeste
e o palácio do pai deixando,
áureo, tu vieste,
___________
no carro atrelado: conduziam-te, rápidos,
lindos pardais sobre a terra sombria,
ldo a lado num bater de asas, do céu,
através dos ares,
____________________
e pronto chegaram; e tu, Bem - Aventurada,
com um soriso no teu rosto imortal,
perguntaste por que de novo eu sofria,
e por que de novo eu suplicava;
________________
e o que para mim eu mais quero,
no coraçao delirante. Quem, de novo, a Persuasiva
deve convencer para o teu amor? Quem,
o Psappha, te contraria?
_________________
pois, ela , que foge, em breve te seguirá;
ela que os recusa, presentes vaifazer;
ela que não te ma, vai te amar em breve,
ainda que não querendo.
_________________-
Vem, outra vez-agora!Livra-me
desta angústia e alcança para mim,
tu mesma, o que o coraçao mais deseja:
sê meu Ajudantes-em-Combates!(1)


(1) Poemas e Fragmentos - Safos de Lesbos. Trad: Joaquim Brasil Fontes.Editora Iluminuras. São Paulo, sP.2003.



.........esse texto continuará, não perca as cena dos próximos capítulos (sec XVI e XVII)

domingo, 27 de setembro de 2009

Noticias do Acre







Igrejas evangélicas de todas as correntes se unem em defesa de projeto contrário ao aborto e aos convênios celebrados entre o governo do estado e a associação lgbt.






sábado, 26 de setembro de 2009

Sobre mim


sou dessas mulheres

sou dessas loucas mulheres
dessas perdidas
dessas confusas
dessas entregues


sou brega, mesmo sendo cafona.
sou amante de vários
possuo companheiros eternos
sempre comigo
amigos, livros e arte







sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Première


Nós, do projeto Hoy Pocilga, convidamos você a participar da abertura da Cinemateca de Dança.



Première:

Café Müller
17 de Setembro, quinta- feira às 19h
Com vinhos e queijos


Contamos com sua participação.
R$5.00.



Mais informações: hoypocilga@gmail.com

p.s: sujeito a lotação, caso queira deixar seu nome na lista, enviar um email confimando a presença. Para o email acima.



Hoy Pocilga (des)coletivo de fomentação em dança


quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Necessidade da Arte

Todo ser vivo para sobreviver precisa de alimento senão ele morre. Porém poucos sabem que existem o alimento do corpo e o alimento da alma. O alimento do corpo, que me refiro aqui, é a comida que produz energia. A alma se alimenta de três coisas: o pensamento (as idéias), o amor (a tudo e todos) e, finalmente, a arte. Uma pessoa que não produz arte ou que nao exerce o seu potencial criativo, esta no mínimo desnutrida.


Isto é combatido em nome de uma tradição “talvez” caduca, ou por uma espécie de resistência passiva peculiar dos que preferem não ver, para não ferir os olhos, não ouvir para não ter que pensar a respeito e não falar para não por em prova sua incapacidade.



Para que se aceite a arte é preciso, antes de tudo, que rompa com o passado e com os padrões. Essa ruptura visa situar a arte no tempo. E esse nosso tempo é de guerra, de invasões espaciais, de massificação do indivíduo.


Há o quase esmagamento do bicho-homem submetido aos avanços e a corrida pela tecnologia.


A arte, para não ser alienada, busca novas formas de expressão e de comunicação que sejam compatíveis com as tensões e os anseios da nossa época.


Há os que se mostram perplexos ante essas manifestações inusitadas de uma arte cada vez mais insubmissa. Podemos dizer que este processo de transformações nas artes plásticas já vem se realizando há quase cem anos, acentuadamente a partir do Impressionismo surgido no século da revolução industrial.



As mudanças afora são bruscas porque o artista de agora é criador fecundo e liberto de preconceitos; pensa, age e realiza em completo acordo com a dinâmica de nossos dias.


Está é sua maneira de participar.




“Quando a pintura e a escultura sé libertam da semelhança com o objeto, ou, igualmente, quando a música se liberta da tonalidade, revela-se, então, a necessidade de dar aa obra, a partir dela mesma, um pouco de objetividade da qual ela é desprovida na medida em que se limita o ser uma reação subjetiva a um dado qualquer. Quanto mais a obra de arte se desembaraça de maneira crítica de todas as condições que não são imanentes à sua própria forma, mais ela se aproxima de uma maior objetividade”.(Theodor Adorno)





FRIDA KAHLO: PERSONAGEM DE SI MESMA






“E eu te respondo: sobras tu. Achas pouco?

Não me refiro à tua pessoa, refiro-me ao teu eu,

que transcende os teus limites pessoais,

mergulhando no humano.(...)

E o poeta quanto mais individual,

mais universal, pois cada homem,

qualquer que seja o condicionamento do meio

e da época, só vem a compreender e amar o

que é essencialmente humano.”

Mário Quintana




Magdalena Carmem Frieda Kahlo Calderón nasceu em 6 de julho de 1907 em Cayoacán, um subúrbio da cidade do México. Sendo muito influenciada não apenas pela revolução mexicana, que acontece três anos após seu nascimento, mas pelo México em si. Kahlo começa realmente a pintar após um acidente entre um autocarro e um elétrico em 17 de setembro de 1925. Devido ao acidente, ficou de cama durante 3 meses. Passou um mês no hospital. Depois de inicialmente parecer ter se recuperado por completo, começou a sentir dores na coluna e no pé direito. Aproximadamente um ano depois deu nova entrada no hospital. Só então descobrira que tinha várias vértebras deslocadas. Durante nove meses seguintes teve de usar uma série de coletes de gesso.


Sempre com dores e sem saber se iria andar de novo, Frida começa a pintar principalmente ela mesma. Ela diria mais tarde “Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o tema que conheço melhor”. (KETTENMANN, 1994: Pág.18)

Estas palavras decifram os fundos quase sempre vazios e despidos, de paisagens mexicanas dos seus auto- retratos. Reflexos da solidão de Kahlo. As conseqüências deste acidente afetaram Frida em vida e em obra. Suas operações, médicos, abortos, e principalmente dores constantes que Frida tinha como seqüelas do acidente são temas freqüentes em seus quadros. Em 1927 ela escreve a um amigo “Neste hospital, a morte dança em volta da minha cama toda noite” ( ZANORA, 1990: Pág.10)





No seu “auto-retrato com vestido de veludo” , de 1926 podemos claramente ver influências da pintura de retratos mexicana do século XIX com influências européias. Sua mão delicada com dedos finos, ppescoço alongado, vestindo um veludo vermelho com um fundo escuro. Se comparado aos auto-retratos pintados na década seguinte, é fácil identificar o contraste das obras entre formas, traços e fundo. Procurava (assim como o México) identidade, cultura, povo. O quadro torna-se a expressão da sua própria consciência nacional, predominando as cores verdes, brancas e vermelhas da bandeira mexicana. Rejeitando regras de perspectiva e o “modelo muralista” da época, Frida não pintava apenas as paisagens do México, ela pintava-se às árvores e paisagens. Como uma rainha Midas a sua maneira. “–Tudo que eu toco se transforma em mim.” (QUINTANA, 2001:Pág.58)




Embora Frida não se considerasse surrealista ela foi assim reconhecida pelos críticos de arte da época, participando na Exposición Internacional Del Surrealismo, realizada na Galeria de Arte Mexicana, em janeiro e fevereiro de 1940. Mas, apesar de muitos dos seus trabalhos conterem elementos surreais e fantásticos, não podemos chamar-lhes surrealistas pois ela não chega a libertar-se completamente da realidade em nenhum deles. Nos seus trabalhos dá-se uma fusão entre facto e ficção, como se dá em tantos trabalhos da arte mexicana, como fossem componentes de um única realidade. “Minha surpresa e alegria”, disse André Breton escrevendo sobre Kahlo, “não tiveram limites quando, depois de chegar ao México, descobri que sua obra se desabrochara, nos últimos quadros pintados, em puro surrealismo, apesar de ter sido concebida sem qualquer conhecimento prévio do que fossem as idéias motivadoras do trabalhos de meus amigos e do meu”. (ADES, Dawn. A arte na América latina)

As raízes da pintura de Kahlo acham-se plantadas nos retábulos e ex-votos– tipo de imagem ingênua e rudimentar, com uma inscrição embaixo relatando o milagre detido por intercessão da Virgem, ou de algum santo.


Em 1929, Frida Kahlo casou-se com Diego Rivera. As influências ideológicas que ele exerceu sobre ela refletem-se tanto na obra, como no envolvimento de Frida Kahlo no círculo de artistas e intelectuais mexicanos que procuravam um arte mexicana independente. O mexicanismo encontraria sua primeira e maior expressão nas pinturas de murais. Jose Clemente Orozco, Diego Rivera e David Alfaro Siqueiros ficaram particularmente consagrados como artistas de murais. As idéias nacionalistas não se limitavam, porém, à pintura monumental. Também surgiam como motivo de telas mais pequenas de artistas de primeira ordem como Gerardo Murillo, Adolfo Best Maugard e Roberto Montenegro. Em 1930 o casal muda-se para os EUA, Diego é encarregado de pintar murais para empresas, bancos e institutos de arte enquanto Frida conhece artistas, clientes e patronos.


Em 1939 parte sozinha para Nova York, onde faz sua primeira exposição individual, na galeria de Julien Levy, e é sucesso de crítica. Em seguida, segue para Paris. Lá é hospitalizada com uma infecção renal, mas também entra no mundo da vanguarda artística dos surrealistas. Conhece Pablo Picasso, Wassily Kandinsky, Marcel Duchamp, Paul Éluard e Max Ernst. O museu do Louvre adquire um de seus auto-retratos. No mesmo ano, divorcia-se de Diego, com quem volta a se casar um ano depois. Em 1942 começaram a dar aulas de arte em uma escola recém aberta na Cidade do México.


Após tantos altos e baixos vividos, seu estado de saúde piorou, e o colete antes de gesso, foi substituído por um de ferro que impedia até a sua respiração. Em 1946 sua coluna precisou ser operada. Com fortes dores na perna direita, em 1950 é tratada no Hospital Inglês durante todo o ano. Mas continua pintando. Os médicos diagnosticam a amputação da perna e ela entra em depressão. Pinta suas últimas obras, como 'Natureza Morta (Viva a Vida)'. Em um ano (1950-1951), passa por sete operações na coluna, que infeccionam,

devido o colete de uso obrigatório. Em 2 julho de 1954 participa, em cadeira de rodas, da manifestação contra a intervenção americana na Guatemala.

Frida Kahlo viveu como Diego Rivera recomendou, um dia, a ela: 'Pega da vida tudo o que ela te der, seja o que for, sempre que te interesse e possa dar certo.'

Ela costumava dizer que 'a tragédia é o mais ridículo que há' e 'nada vale mais do que a risada'. E na madrugada de 13 de julho de 1954, Frida, com 47 anos, foi encontrada morta em seu leito. Oficialmente, a morte foi causada por 'embolia pulmonar'.

No diário, deixou as últimas palavras: 'Espero alegre a minha partida - e espero não retornar nunca mais.'
Embora Frida não tenha voltado, seu modo de ser, sua vida e sua obra são de grande importância para a arte atual . Carismática, Frida sabia como seduzir as pessoas. Seu modo de se vestir lançou um estilo, seguido até hoje. Além da moda, sua figura é, cada vez mais, fonte constante de inspiração na música, nas artes plásticas e visuais. As criações para a temporada de 1997 da estilista italiana Paola Frani e a coleção para a primavera/98 de Jean Paul Gaultier - inteiramente dedicadas à pintora - foram o reflexo da onda mundial de retomada de adoração a Frida Kahlo. Os correios americanos lançaram, em 2001, um selo de 34 cents com sua efígie - a primeira personalidade latina a receber esta homenagem.
"Desde os quatorze anos me apaixonei por essa personagem. Era uma mulher livre, anticonvencional, sem medo e muito criticada, mas que nunca renegou seus princípios", declarou a atriz Selma Hayek numa coletiva.
O filme americano sobre sua vida dirigido por Julie Taymor e protagonizado por Selma Hayek ganhou 2 Oscars em 2003 (vestuário e música original, interpretada por Caetano Veloso, com letra da própria diretora). No mesmo ano, a Câmara Sindical da Costura Parisiense concedeu o prêmio de "domínio técnico" a Montserrat Gonzales por um "sonho surrealista" - inspirado em Frida ­ no qual a estrutura do objeto se integra à vestimenta.
O ballet interativo "Sisters", coregrafado por Joahann Kresnik e focando os lados masculino e feminino de Kahlo, foi o sucesso do Festival de Dança Steps, em 1998. Na temporada teatral de Londres de 2002, a peça de Robert Lepage e Sophie Faucher "A casa Azul" (referência ao local nascimento e morte de Frida, hoje um centro cultural em sua homenagem) fez brilhante carreira no Hammersmith Theatre. No Brasil, a cantora Adriana Calcanhoto cita, na canção "Esquadros", as cores do famoso diário de Frida, onde estavam descritos os valores significantes que cada cor lhe inspirava.



BIBLIOGRAFIA
ADES, Dawn. A arte na América latina. Trad. Maria Thereza de Rezende Costa. São Paulo: Cosac & Naify Ediçoes, 1997.
KAHLO, Frida. O diário de Frida Kahlo: um auto-retrato íntimo. Rio de Janeiro : José Olympio, 1996.
KETTENMANN, Andrea. Frida Kahlo Dor e Paixão. Trad. Sandra Oliveira. Lisboa Benedikt Taschen, 1994
LOWE, Sarah. "Ensaio". In: KAHLO, Frida. O diário de Frida Kahlo: um auto-retrato íntimo. Rio de Janeiro : José Olympio, 1996.
QUINTANA, Mario. Caderno H. São Paulo: Globo 2001.
WALTER, Ingor F. (org). Arte do século XX. Trad. Ida Boavida. Lisboa: Benedikt Taschen, 1999. 2v.
ZANORA, Martha Frida Kahlo The Brush of Anguish. São Francisco , California: 1990
_____,Disponível em: <http://www.artmuseum.gov.mo/ >acesso em: 3 abril
_____,Disponível em: acesso em: 3 abril
_____,Disponível em: acesso em: 3 abril




terça-feira, 25 de agosto de 2009

Dica de Filme - Beleza Roubada -




















Apesar de não ser muito ligada a filmes, meu tio avô Sergio Vaz (http://www.50anosdecinema), escreve sobre esse assunto mais detalhadamente, como um cinéfilo mesmo.



Eu, como amante de filmes específicos, estou citando só os meus TOP TOP.

O filme Beleza Roubada do diretor Bernardo Bertolucci (1996) não parece que foi filmado por um homem; explico, o filme é coberto por nuanças detalhadamente femininas.



Cenas, lindas, em que a atriz Liv Tyler (Lucy) escreve poemas em seu quarto. A câmera transmite na imagem os processos pelos quais a personagem está passando ao se descobrir como mulher. O filme é um convite para a descoberta da sexualidade da personagem.



A trilha do filme faz uma costura de elementos, artistas como Stevie Wonder (Superstition), Sam Phillips (I Need Love), Portishead (Glory Box) que passam pela a atmosfera mais 80, 90 e clássicos de Jazz como Nina Simone e Billie Holiday.



Para completar essa mistura fina há momentos no filme coreografados pela Sosta Palmizi um "coletivo" de dança italiano. Fundada em 1984 como uma companhia de teatrodanza formados por Carolyn Carlso, destaques de Raffaella Giodano e Giorgio Rossi.



sábado, 15 de agosto de 2009

Hedwig - Sugestão de Filme



Assisti esse filme apenas uma vez, na casa de um grande amigo, Bernardo. O filme é simplesmente maravilhoso. Esse clipe, acima, remonta de um forma lírica (e hilária) 0 mito andrógino colocado por Aristofanes no Banquete de Platão.

Nesse mito Aristofanes relata a exitencia de três sexos, os filhos da terra, do sol e da lua. Esses sexos possuíam quatro pernas e estavam originalmente ligados.



“Quando então se encontra com aquele mesmo que é a sua
própria metade, tanto o amante do jovem como qualquer outro,
então extraordinárias são as emoções que sentem, de amizade,
intimidade e amor, a ponto de não quererem por assim dizer
separar-se um do outro nem por um pequeno momento. (...) A
ninguém com efeito pareceria que se trata de união sexual.”
Banquete



Platão transmite através de Aristófanes a idéia que uma uniao amorosa e sexual. O mito dos andróginos vislumbra aperfeiçoamento das relações em sua essência com o auxílio de outro.


O filme dirigido por John Cameron Mitchell remonta uma odisséia do rock. Uma transexual de Berlin oriental e sua banda conta a sua vida e suas dúvidas pelas canções.

Percebo que o que mais me encantou no filme foi a trilha, que eu posteriormente ilustrei, durante o curso de artes plásticas.

Tenho um carinho especial pela transexualidade. Passa por uma admiração fora do comum e por uma atração afetiva-sexual-purpurinada.
Há algo de maravilhoso e absoluto nelas, uma fusão de gêneros.

De de tudo fica um pouco, cicatriz de cirurgia, marcas sociais, esmalte, dor de andar de salto. um corpo tão evidentemente marcado por uma história.

Admito 100% que quando vou a uma boate e vejo uma transexual ou uma Drag Queen paro de dançar sento e observo, o jeito que ela anda, o jeito que ela se porta, em que banheiro ela vai?

As vezes acordo com o sentimento que minha peruca imáginaria, de lésbica absurdamente bicha que sou, me faz levantar como na trilha wig in a box.



sexta-feira, 14 de agosto de 2009



terça-feira, 11 de agosto de 2009

Dica de Leitura


O livro Afinidades Eletivas, do clássico autor alemão Goethe, é relançado no Brasil na tradução de Erlon Paschol, em comemoração ao seu aniversário de 200 anos. O título, extraído das Ciências Naturais, refere-se à expressão attractionibus electivis, usada para designar a atração entre dois elementos químicos diferentes, mas afins. A obra traduz a impossibilidade de solução para os conflitos entre a moral e os sentimentos e ganhou as telas em 1996, por Paolo e Vittorio Taviani, num filme belíssimo e cuidadoso em cada cena. Segundo o crítico Otto Maria Carpeaux, é “um dos primeiros romances psicológicos da literatura européia”. Mistura fina entre ciência e literatura.



Afinidades Eletivas



Goethe, Johann Wolfgang Von



Nova Alexandria

Dica de Leitura NovA York - Eisner


Nascido no Bronx, na parte setentrional de Nova Iorque, na década de 30, uma região tradicionalmente ocupada por operários e imigrantes, Will Eisner é um gênio das graphic novels. A partir da cidade, grande protagonista dessa obra, um novelo de memórias, ruidos e pessoas se desenrolam pelos desenhos desse livro. Lançado pelo novo selo da Companhia das letras, especializado em quadrinhos, o livro reúne quatro historias: Nova York A Grande cidade, O Edifício, Caderno de tipos urbanos e Pessoas Invisíveis.

No livro a cidade imprime nos personagens a intensidade rara dos dramas humanos. Nas palavras de Einsner "À medida que fui envelhecendo e acumulando recordações, passei a me sensibilizar com o desaparecimento de pessoas e referências urbanas. Para mim, eram especialmente perturbadoras as inexplicáveis demolições de prédios. Eu sentia como se, de alguma forma, eles tivessem alma."

Eu conheci o trabalho de Eiser pelo trabalho do grupo de teatro Armazém, do Rio de Janeiro que transpôs a linguagem dos quadrinhos para o palco com o espetáculo Pessoas Invisíveis, dirigido por Paulo de Moraes, esse grupo nasceu em londrina e tem um trabalho maravilhoso.

Confira o site deles: http://www.armazemciadeteatro.com.br/



terça-feira, 28 de julho de 2009

Homenagem ao Luto


" Você tem que amar a dança para persistir nela. Ela não te dá nada em troca. Nenhum manuscrito para guardar, nenhuma pintura para mostrar nas paredes e talvez pendurar num museu, nenhum poema para ser impresso e vendido nada além do momento fugaz em que você está vivo. Ela não é para almas instáveis."

Merce Cunningham

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos –
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos –
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai –
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte –
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.


Vinicius de Moraes


Homenagem singela aquele que se foi.