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Existe isto no livro a solidão nele é a solidão do mundo inteiro. Esta em toda parte. Invadiu tudo. Sempre creio nesta invasão. Como todos. A solidão é aquilo sem o que nada fazemos. Aquilo sem o que nada pode ser visto. É uma forma de pensar, de raciocinar, mas apenas com o pensamento cotidiano. Isso também existe na função de escrever e sobretudo, talvez, dizer a si mesmo que não é preciso se matar todos os dias, visto que é possível se matar a qualquer dia.
M. Duras
Construção de identidadeS lésbicas
- Literatura, Moda, Artes e Cotidiano -
De Safos ao Leskut. Da literatura clássica a internet. Como nos construímos? Como nos colocamos no espaço? Seja esse espaço político, intimo ou social.
A partir de referências artísticas-culturais, construir um percurso que não se trata em firmar uma identidade, mas de perceber as singularidades que demandam continua construção, desconstrução, reconstrução. Dessa forma pensando sobre um ponto de vista de Foucault interrogar e desconstruir a naturalização dos corpos em papéis e práticas.
Pensar uma identidade de não ser idêntico, mas de criar possibilidades de um continuo reconstruir. Reconhecer nossas semelhanças e nossas diferenças entre a mesma letra de nossa “sopa de letrinhas”.
Articulação Feminina do GUDDS!
Sarah Vaz
Dia 12/12 de 9h a 12h 30
Sobá Livraria – Rua Rio de Janeiro , 1278
Inscrições gratuitas www.alem.org.br – 32677871
O Hoy Pocilga é uma iniciativa em dança de Belo Horizonte que visa fomentar a dança em espaços da cidade.
Esse nome “Hoypocilga” surge de uma vontade de dizer através de palavras
que falam pela sua forma, sua composição e pelo seu diálogo flexível e inusitado com o sentido. Que falam também pela sua piada, pela sua resistência a sentidos e lugares comuns, pelas suas pistas ambíguas. Também pela sua beleza semântica e sonora. Algo próximo do que a gente brinca na dança
“Descoletivo de fomentação em dança” tenta exprimir, classificar sem reduzir, uma idéia de coletividade fluida, aberta, absorvente e que busca fertilizar a dança.
No cenário atual tudo parecia deslizar sobre uma inércia constante.
Coletivos, companhias, bailarinos, bailarinos-interprétes-criadores.
Um aglomerado de conceitos e nomes iam surgindo e sumindo em Belo Horizonte.
Fariam mesmo diferença esses nomes?
Existia uma tensão e um tesão.
Visar novas formas, menos compactadas. Mesmo que elas não fizessem muito sentido. Dar fomento e visibilidade a outras formas menos midiáticas.
Pensar em dar visibilidade fora da mídia significa pensar não em espetáculos com grandes celebridades e grandes conceitos e grandes artistas, mas em vínculos cotidianos e simples com a memória e a criação em dança. (Des)coletivizar talvez seja o desafio de juntar um todo fragmentado, em arte e em contemporaneidade.
Começo dizendo que este texto não responde a seu título, ele é uma tentativa de elucidar e transparecer.
Me explicando um pouco: o Hoy Pocilga é um (des)coletivo de fomentação em dança.
Fomentar significa promover o desenvolvimento, estimular. Uma palavra muito utilizada em cultura. Desconheço sua origem, não a coloquei por modismos culturais, mas por perceber que o (des)coletivo tem fome…
…de um dinamismo cultural, de uma coletividade, de bagunça conjunta, de arte e de dança.
Pensando nisso o Hoy Pocilga promove o desenvolvimento de projetos cotidianos que mudam os nossos corpos.
Não é um projeto fechado, nisso se assemelha a um coletivo. Agregamos ao Hoy Pocilga as pessoas e as ideias.
O Hoy Pocilga busca formas não novas, mas singulares (às vezes estranhas) de experimentar em Dança.
Acompanhe o Hoy pelo http://hoypocilga.wordpress.com/
Todo ser vivo para sobreviver precisa de alimento senão ele morre. Porém poucos sabem que existem o alimento do corpo e o alimento da alma. O alimento do corpo, que me refiro aqui, é a comida que produz energia. A alma se alimenta de três coisas: o pensamento (as idéias), o amor (a tudo e todos) e, finalmente, a arte. Uma pessoa que não produz arte ou que nao exerce o seu potencial criativo, esta no mínimo desnutrida.
Isto é combatido em nome de uma tradição “talvez” caduca, ou por uma espécie de resistência passiva peculiar dos que preferem não ver, para não ferir os olhos, não ouvir para não ter que pensar a respeito e não falar para não por em prova sua incapacidade.
Para que se aceite a arte é preciso, antes de tudo, que rompa com o passado e com os padrões. Essa ruptura visa situar a arte no tempo. E esse nosso tempo é de guerra, de invasões espaciais, de massificação do indivíduo.
Há o quase esmagamento do bicho-homem submetido aos avanços e a corrida pela tecnologia.
A arte, para não ser alienada, busca novas formas de expressão e de comunicação que sejam compatíveis com as tensões e os anseios da nossa época.
Há os que se mostram perplexos ante essas manifestações inusitadas de uma arte cada vez mais insubmissa. Podemos dizer que este processo de transformações nas artes plásticas já vem se realizando há quase cem anos, acentuadamente a partir do Impressionismo surgido no século da revolução industrial.
As mudanças afora são bruscas porque o artista de agora é criador fecundo e liberto de preconceitos; pensa, age e realiza em completo acordo com a dinâmica de nossos dias.
Está é sua maneira de participar.
“Quando a pintura e a escultura sé libertam da semelhança com o objeto, ou, igualmente, quando a música se liberta da tonalidade, revela-se, então, a necessidade de dar aa obra, a partir dela mesma, um pouco de objetividade da qual ela é desprovida na medida em que se limita o ser uma reação subjetiva a um dado qualquer. Quanto mais a obra de arte se desembaraça de maneira crítica de todas as condições que não são imanentes à sua própria forma, mais ela se aproxima de uma maior objetividade”.(Theodor Adorno)
“E eu te respondo: sobras tu. Achas pouco?
Não me refiro à tua pessoa, refiro-me ao teu eu,
que transcende os teus limites pessoais,
mergulhando no humano.(...)
E o poeta quanto mais individual,
mais universal, pois cada homem,
qualquer que seja o condicionamento do meio
e da época, só vem a compreender e amar o
que é essencialmente humano.”
Mário Quintana
Magdalena Carmem Frieda Kahlo Calderón nasceu em 6 de julho de 1907 em Cayoacán, um subúrbio da cidade do México. Sendo muito influenciada não apenas pela revolução mexicana, que acontece três anos após seu nascimento, mas pelo México em si. Kahlo começa realmente a pintar após um acidente entre um autocarro e um elétrico em 17 de setembro de 1925. Devido ao acidente, ficou de cama durante 3 meses. Passou um mês no hospital. Depois de inicialmente parecer ter se recuperado por completo, começou a sentir dores na coluna e no pé direito. Aproximadamente um ano depois deu nova entrada no hospital. Só então descobrira que tinha várias vértebras deslocadas. Durante nove meses seguintes teve de usar uma série de coletes de gesso.
Sempre com dores e sem saber se iria andar de novo, Frida começa a pintar principalmente ela mesma. Ela diria mais tarde “Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o tema que conheço melhor”. (KETTENMANN, 1994: Pág.18)
Estas palavras decifram os fundos quase sempre vazios e despidos, de paisagens mexicanas dos seus auto- retratos. Reflexos da solidão de Kahlo. As conseqüências deste acidente afetaram Frida em vida e em obra. Suas operações, médicos, abortos, e principalmente dores constantes que Frida tinha como seqüelas do acidente são temas freqüentes em seus quadros. Em 1927 ela escreve a um amigo “Neste hospital, a morte dança em volta da minha cama toda noite” ( ZANORA, 1990: Pág.10)
No seu “auto-retrato com vestido de veludo” , de 1926 podemos claramente ver influências da pintura de retratos mexicana do século XIX com influências européias. Sua mão delicada com dedos finos, ppescoço alongado, vestindo um veludo vermelho com um fundo escuro. Se comparado aos auto-retratos pintados na década seguinte, é fácil identificar o contraste das obras entre formas, traços e fundo. Procurava (assim como o México) identidade, cultura, povo. O quadro torna-se a expressão da sua própria consciência nacional, predominando as cores verdes, brancas e vermelhas da bandeira mexicana. Rejeitando regras de perspectiva e o “modelo muralista” da época, Frida não pintava apenas as paisagens do México, ela pintava-se às árvores e paisagens. Como uma rainha Midas a sua maneira. “–Tudo que eu toco se transforma em mim.” (QUINTANA, 2001:Pág.58)
Embora Frida não se considerasse surrealista ela foi assim reconhecida pelos críticos de arte da época, participando na Exposición Internacional Del Surrealismo, realizada na Galeria de Arte Mexicana, em janeiro e fevereiro de 1940. Mas, apesar de muitos dos seus trabalhos conterem elementos surreais e fantásticos, não podemos chamar-lhes surrealistas pois ela não chega a libertar-se completamente da realidade em nenhum deles. Nos seus trabalhos dá-se uma fusão entre facto e ficção, como se dá em tantos trabalhos da arte mexicana, como fossem componentes de um única realidade. “Minha surpresa e alegria”, disse André Breton escrevendo sobre Kahlo, “não tiveram limites quando, depois de chegar ao México, descobri que sua obra se desabrochara, nos últimos quadros pintados, em puro surrealismo, apesar de ter sido concebida sem qualquer conhecimento prévio do que fossem as idéias motivadoras do trabalhos de meus amigos e do meu”. (ADES, Dawn. A arte na América latina)
As raízes da pintura de Kahlo acham-se plantadas nos retábulos e ex-votos– tipo de imagem ingênua e rudimentar, com uma inscrição embaixo relatando o milagre detido por intercessão da Virgem, ou de algum santo.
Em 1929, Frida Kahlo casou-se com Diego Rivera. As influências ideológicas que ele exerceu sobre ela refletem-se tanto na obra, como no envolvimento de Frida Kahlo no círculo de artistas e intelectuais mexicanos que procuravam um arte mexicana independente. O mexicanismo encontraria sua primeira e maior expressão nas pinturas de murais. Jose Clemente Orozco, Diego Rivera e David Alfaro Siqueiros ficaram particularmente consagrados como artistas de murais. As idéias nacionalistas não se limitavam, porém, à pintura monumental. Também surgiam como motivo de telas mais pequenas de artistas de primeira ordem como Gerardo Murillo, Adolfo Best Maugard e Roberto Montenegro. Em 1930 o casal muda-se para os EUA, Diego é encarregado de pintar murais para empresas, bancos e institutos de arte enquanto Frida conhece artistas, clientes e patronos.
Em 1939 parte sozinha para Nova York, onde faz sua primeira exposição individual, na galeria de Julien Levy, e é sucesso de crítica. Em seguida, segue para Paris. Lá é hospitalizada com uma infecção renal, mas também entra no mundo da vanguarda artística dos surrealistas. Conhece Pablo Picasso, Wassily Kandinsky, Marcel Duchamp, Paul Éluard e Max Ernst. O museu do Louvre adquire um de seus auto-retratos. No mesmo ano, divorcia-se de Diego, com quem volta a se casar um ano depois. Em 1942 começaram a dar aulas de arte em uma escola recém aberta na Cidade do México.
Após tantos altos e baixos vividos, seu estado de saúde piorou, e o colete antes de gesso, foi substituído por um de ferro que impedia até a sua respiração. Em 1946 sua coluna precisou ser operada. Com fortes dores na perna direita, em 1950 é tratada no Hospital Inglês durante todo o ano. Mas continua pintando. Os médicos diagnosticam a amputação da perna e ela entra em depressão. Pinta suas últimas obras, como 'Natureza Morta (Viva a Vida)'. Em um ano (1950-1951), passa por sete operações na coluna, que infeccionam,
devido o colete de uso obrigatório. Em 2 julho de 1954 participa, em cadeira de rodas, da manifestação contra a intervenção americana na Guatemala.
Frida Kahlo viveu como Diego Rivera recomendou, um dia, a ela: 'Pega da vida tudo o que ela te der, seja o que for, sempre que te interesse e possa dar certo.'
Ela costumava dizer que 'a tragédia é o mais ridículo que há' e 'nada vale mais do que a risada'. E na madrugada de 13 de julho de 1954, Frida, com 47 anos, foi encontrada morta em seu leito. Oficialmente, a morte foi causada por 'embolia pulmonar'.
No diário, deixou as últimas palavras: 'Espero alegre a minha partida - e espero não retornar nunca mais.'
Embora Frida não tenha voltado, seu modo de ser, sua vida e sua obra são de grande importância para a arte atual . Carismática, Frida sabia como seduzir as pessoas. Seu modo de se vestir lançou um estilo, seguido até hoje. Além da moda, sua figura é, cada vez mais, fonte constante de inspiração na música, nas artes plásticas e visuais. As criações para a temporada de 1997 da estilista italiana Paola Frani e a coleção para a primavera/98 de Jean Paul Gaultier - inteiramente dedicadas à pintora - foram o reflexo da onda mundial de retomada de adoração a Frida Kahlo. Os correios americanos lançaram, em 2001, um selo de 34 cents com sua efígie - a primeira personalidade latina a receber esta homenagem.
"Desde os quatorze anos me apaixonei por essa personagem. Era uma mulher livre, anticonvencional, sem medo e muito criticada, mas que nunca renegou seus princípios", declarou a atriz Selma Hayek numa coletiva.
O filme americano sobre sua vida dirigido por Julie Taymor e protagonizado por Selma Hayek ganhou 2 Oscars em 2003 (vestuário e música original, interpretada por Caetano Veloso, com letra da própria diretora). No mesmo ano, a Câmara Sindical da Costura Parisiense concedeu o prêmio de "domínio técnico" a Montserrat Gonzales por um "sonho surrealista" - inspirado em Frida no qual a estrutura do objeto se integra à vestimenta.
O ballet interativo "Sisters", coregrafado por Joahann Kresnik e focando os lados masculino e feminino de Kahlo, foi o sucesso do Festival de Dança Steps, em 1998. Na temporada teatral de Londres de 2002, a peça de Robert Lepage e Sophie Faucher "A casa Azul" (referência ao local nascimento e morte de Frida, hoje um centro cultural em sua homenagem) fez brilhante carreira no Hammersmith Theatre. No Brasil, a cantora Adriana Calcanhoto cita, na canção "Esquadros", as cores do famoso diário de Frida, onde estavam descritos os valores significantes que cada cor lhe inspirava.
BIBLIOGRAFIA
ADES, Dawn. A arte na América latina. Trad. Maria Thereza de Rezende Costa. São Paulo: Cosac & Naify Ediçoes, 1997.
KAHLO, Frida. O diário de Frida Kahlo: um auto-retrato íntimo. Rio de Janeiro : José Olympio, 1996.
KETTENMANN, Andrea. Frida Kahlo Dor e Paixão. Trad. Sandra Oliveira. Lisboa Benedikt Taschen, 1994
LOWE, Sarah. "Ensaio". In: KAHLO, Frida. O diário de Frida Kahlo: um auto-retrato íntimo. Rio de Janeiro : José Olympio, 1996.
QUINTANA, Mario. Caderno H. São Paulo: Globo 2001.
WALTER, Ingor F. (org). Arte do século XX. Trad. Ida Boavida. Lisboa: Benedikt Taschen, 1999. 2v.
ZANORA, Martha Frida Kahlo The Brush of Anguish. São Francisco , California: 1990
_____,Disponível em: <http://www.artmuseum.gov.mo/ >acesso em: 3 abril
_____,Disponível em: acesso em: 3 abril
_____,Disponível em: acesso em: 3 abril